14 julho 2010

Ainda há tempo


Não me venha com isso
pare de se torturar!

Esqueça a hipocrisia
se ponha a falar,
mostre sua loucura
a inspiração fluirá.

Não se puna mais,
e então esquecerá
das dores sentidas,
a anestesia agirá.

Tente então
abrir os olhos
provavelmente verá,
toda a beleza que existe
e que nunca irá se acabar.

Covardia

A filosofia obstrui meus olhos
quem responde é minha boca,
está tudo trocado
está tudo invertido.

As singelas palavras
vão se ajustando
no denso papel colorido,
mas as cores não existem
é tudo ilusão.

Eles são tão sórdidos
que só vêem escuridão;

Pela frente, me pergunto
o que ainda está por vir
Por favor, me perdoe
se acaso eu não agir,
descansarei eternamente
até me esvair.

Mudanças repentinas


Olhando as luzes
foi que percebi
o que significavas pra mim.

Um sonho,
depressivo e bucólico
Uma imagem,
linda e desfigurada
Um som,
doce e imponente
E uma luz,
escura e fraca.

Mas tão logo
o encantamento passa
e percebo que tua face perfeita
agora se encontra obsoleta.

Tudo se vai

A poesia é a muleta do cego,
cego de dor,
cego de amor,
cego até mesmo de felicidade.
Inspiramo-nos nas coisas
mais densas e triviais do mundo,
e até ensaiamos uma momentânea anestesia
que dura somente algumas linhas,
porque tão logo
a inspiração acaba,
e junto com ela se esvai
toda aquela alegria.